agosto 31, 2010

A flôr da pele # 27

São sentimentos que se confundem com inseguranças, fazendo as mãos tremerem incontrolavelmente, sentir borboletas no estomago e um calafrio por toda a espinha dorsal.
São fantasmas do passado que me assombram todas as noites.
... Respiro fundo, tentando me concentrar me baseando em qualquer sentimento que não seja esse.
... Sem sucesso, e esse sentimento continua a me corroer e machucar.
Será que um dia você me deixará?

agosto 26, 2010

Words for you # 25

Eu nunca vi teus olhos fechando, teus cílios mexendo, não conheço a tua mão. Nunca vi tua boca abrindo, teu peito batendo, nunca ouvi tua respiração. Não sei que cheiro tem tua nuca, como andam os teus passos, que largura tem teus ombros. Eu não conheço teus dedos, não toquei teu rosto, nunca senti teu gosto. Nunca vi teus pés descalços, nunca acordei com teus passos. Nunca te vi de costas, indo, vindo ou ficando. Nem sentado, nem sonhando, nem olhando pros lados. Nunca te vi nadando, nem te encontrei na rua, nunca cruzei teu caminho. Não apertei minha mão na tua, nunca te vi suando, não sei como é teu carinho. Eu nunca encostei na tua pele, não beijei teu rosto, não paguei teu almoço. Eu nunca te ouvi cantando... Mas já dancei tua música, já percebi teus medos, vi graça em tuas piadas, dormi com as tuas palavras. Já senti teu calor no frio, quis jogar tudo pra cima, já me senti uma menina. Já torci pelo teu time, acordei com teu bom dia, falei o que não devia. Te escrevi segredos, confessei um desejo, desejei boa noite, dorme bem, um beijo. Eu nunca vi teus olhos fechando, teus cílios mexendo, não conheço a tua mão. Mas conheço a mão do destino e talvez ele queira a mesma coisa que eu. E eu só quero que o nunca, e só o nunca, não seja pra sempre.

agosto 17, 2010

Words for you # 24

Círculos na neve.

Talvez fossem as saudades que seus lábios sentiam dos dele, ou quem sabe aquele medo de perdê-lo, que fazia com que ela o beijasse como se fosse a última vez. Jamais imaginou que a intensidade dos beijos que trocara com o garoto antes pudesse ser superada. Isso criava nela uma vontade mal-acostumada de quero-mais. Sabia que as chances de ter os pedaços de seu coração partidos - em partes ainda menores - eram grandes, mas não se importava. Não queria pensar nisso. Queria acreditar que quiçá, se conseguisse evitar aquela idéia em sua cabeça, aquilo não acontecesse. Era uma idéia bonita, sorridente. Então agarrou-se nela com todas as suas forças.

Desejava, mais que tudo, pausar aquele momento. Ou gravá-lo, como se fizesse parte de um filme, para que assim pudesse dar replay naquele instante sempre que quisesse. Guardar a beleza daquelas trocas (de olhares, medos, suspiros, sentimentos) pra sempre, pro seu mundo. Sentia os lábios, a língua, as mãos dele, e tentava disfaçar os batimentos de seu coração - ora fortes, altos, ora lentos, fracos -, uma irregularidade tão destoante do que estava sentindo: algo tão certo quanto o fato de que uma hora aquilo tudo acabaria.

Então deu-lhe um último beijo, mais intenso e apaixonado que todos os outros que trocaram antes. O desespero, o temor, a paixão... Sentimentos tão fortes misturados. Ela se sentiu explodir, como se já não estivesse em seu corpo. Chegava a ser melhor que a sensação de estar voando: por um breve segundo, o tempo parou. Seu desejo tornava-se realidade, e assim, acabava. Afastou-se, embora não quisesse, e deu um beijo nas mãos dele, na testa... e um último encontro de lábios, totalmente calados. Nenhum dos dois disse, mas sabiam. Até.